Todas as três universidades federais instaladas na Bahia vão aderir ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de seleção no processo seletivo para 2010.
Antes mesmo de esgotado o prazo do Ministério da Educação (MEC) para que as instituições decidam sobre seus processos seletivos, estendido até 20 de maio, as universidades federal da Bahia (Ufba), do Recôncavo da Bahia (UFRB) e do Vale do São Francisco (Univasf) confirmaram que utilizarão o exame ainda este ano para o ingresso de novos alunos nos cursos de nível superior.
A diferença é a forma de adesão ao Enem pelas instituições. Enquanto UFRB e Univasf adotarão o novo modelo como único de seleção para todos os seus cursos - extinguindo o vestibular -, a Ufba vai utilizar o Enem apenas para os bacharelados interdisciplinares (BI) e para os cursos superiores de tecnologia, pouco mais de um quinto das vagas que a instituição disponibilizou para o último vestibular.
A Ufba tem até março do ano que vem para decidir se o Enem vai ser estendido como critério de seleção aos demais cursos de graduação, incluindo os mais procurados, como medicina e direito.
Mas, mesmo nesses casos, o exame seria utilizado apenas como primeira etapa do processo. E somente a partir de 2011. “Isso porque queremos respeitar os vestibulares que já estavam programados. O conselho universitário vai estudar uma possível ampliação. Pessoalmente, considero um grande avanço”, disse o reitor da Ufba, Naomar Almeida.
Já a UFRB, depois de discussões e debates internos com os conselhos universitário e acadêmico, praticamente decidiu pelo fim do vestibular e pela utilização do Enem no processo seletivo.
“Para nós, como uma instituição nova, é muito mais fácil acabar como0 processo antigo. Não temos um vestibular tradicional como a Ufba”, afirma o vice-reitor da UFRB, Silvio Luiz Soglia.
A universidade estuda ainda, além do Enem, a disponibilização de parte das vagas para estudantes que se submetam ao Programa de Avaliação Seriada (PAS), já utilizado em outras universidades brasileiras.
“Através do PAS, podemos disponibilizar vagas a partir da avaliação, série a série, dos alunos das escolas públicas dos municípios do recôncavo”, explica Soglia.
Só não se sabe ainda quantos alunos entrariam na universidade pelo Enem e pelo programa, caso seja de fato adotado. O conselho universitário se reúne no próximo dia 18 para tomar a decisão final.
“Há a tendência de 70% Eneme 30% do PAS”, adianta Soglia. A universidade manterá as ações afirmativas, com 45% das vagas destinadas para escolas públicas e 80% para negros e outras etnias.
Último vestibular
Das três universidades federais presentes na Bahia, a Univasf foi a única a decidir pela adesão total ao Enem, e com apenas uma etapa para a aprovação. Localizada na região do Vale do São Francisco, com campi acadêmicos em três cidades diferentes - Juazeiro (BA), Petrolina (PE) e São Raimundo Nonato (PI) -, a instituição realizou na segunda-feira (11) seu último vestibular.
Quase metade das 700 vagas da Univasf são destinadas à unidade de Juazeiro. A instituição também vai continuar com o sistema de cotas social, com 50% das vagas para alunos de escolas públicas.
As provas do novo Enem estão marcadas para 3 e 4 de outubro. O exame será ampliado de 60 para 200 questões. O Ministério da Educação disse que anunciará, até o fim do mês, a lista de universidades federais que adotarão o Enem como critério.
Vagas disponíveis
UFBA - 7.041 total de vagas - 1.300 vagas ENEM
UFRB - 2.000 total de vagas - indefinido (será decidido no próximo dia 18)
Univasf - 700 total de vagas - 700 vagas ENEM
Universidades conhecerão novo modelo de prova na quarta-feira (13)
Pró-reitores de graduação e comissões de vestibular de universidades de todo o país participarão amanhã de uma reunião no MEC, em Brasília, onde será apresentada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) a matriz de referência da prova do novo Enem.
Os dirigentes das instituições federais de ensino superior conhecerão o Sistema de Seleção Unificada, utilizado para gerenciar o processo. Até agora, 26 universidades em todo o país confirmaram a aceitação do Enem como critério de seleção. Outras 22 estão em fase de avaliação. Sete confirmaram que não irão mudar os atuais processos seletivos.
“A maioria das universidades já tomou posição, algumas ainda estão debatendo. Até o fim de maio, tudo estará decidido”, acredita o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Além do aumento no número de questões, o exame unificado pretende ampliar o foco anterior. “Antes, priorizávamos apenas a vivência. Agora, faremos um equilíbrio entre o conhecimento de vida e o saber escolar”, explicou o diretor do Inep, Helinton Tavares, que na semana passada veio à Bahia esclarecer ao conselho universitário da Ufba como será o novo Enem.
O Comitê de Governança do Novo Enemdefiniu o prazo de três anos para a consolidação do processo de seleção unificado. Nesse período, as instituições poderão adaptar- se ao formato de seleção comas políticas afirmativas já adotadas pelas universidades e com outras modalidades de ingresso.
Parte das vagas pode ser destinada a programas de avaliação seriada. O comitê também definiu que, durante o período de implementação do sistema, um grupo de pesquisa constituído pelo Inep monitorará a mudança.
Critérios estudados
1. Prova Única - A nota no exame nacional serviria para entrada direta na universidade sem qualquer outra avaliação. O Enem substituiria totalmente o antigo vestibular.
2. Primeira fase - O Enem serviria de etapa inicial nas universidades em que o vestibular é disputado em duas fases e que não gostariam de mudar 100% o sistema anterior.
3. Nota combinada - A nota obtida pelo estudante no Enem seria combinada à nota do vestibular tradicional, cada uma com seu peso preestabelecido. Na USP, o Enem vale 10% do vestibular.
4. Vagas remanescentes - O Enem também pode servir como critério de seleção para vagas remanescentes - aquelas que ficam ociosas.
Estudantes propõem adaptação
Apesar de defenderem o fim do vestibular, associações estudantis se colocam contrárias a alguns pontos do novo Enem. Eles acreditam que a prova única incorre no mesmo erro do velho processo.
“Como no vestibular, tudo se concentra numa prova só. Somos a favor do Enem seriado, com provas a cada série. Só assim se avalia o histórico do aluno, e não a sua atuação num dia”, diz o diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Hebert Brito.
(notícia publicada na edição impressa do dia 12/05/2009 do CORREIO)
Alexandre Lyrio | Redação CORREIO